O carácter de inclusão da ilustração infantil
"A ilustração assume um carácter bastante mais concreto do que o código verbal escrito que, nesta dimensão, poderá dizer-se que tem uma forma abstracta e de mais difícil compreensão. A ilustração tem um reconhecimento universal, é mais facilmente inteligível do que o código escrito e pode ser compreendida pela maior parte das pessoas, com a excepção de algumas represen-tações de carácter cultural e de índole étnica. Tem, portanto, também um carácter de inclusão, na medida em que permite que o mais novo dos pré-leitores consiga compreender de alguma forma, ainda que não na totalidade, a história.
No entanto, é errado pensar que a interpretação de imagens é um processo inato. Ainda que as crianças passem a ser facilmente leitores de narrativas pictóricas e, assim, conseguindo dar sentido a um conjunto de imagens, o entendimento pictórico e a compreensão da narrativa visual exige que se vá aprendendo o código, e esta aprendizagem será construída socialmente, ainda que não exista um ensino onde se aprenda a ler imagens. A criança interpreta e reconhece as imagens devido às experiências que vai acumulando do mundo, habituando-se a lidar com a diferença, por vezes, abissal que separa a realidade e a representação desta. Neste sentido, poderemos afirmar que a ilustração assume uma maior importância do que o texto, ao falarmos de crianças pequenas (leitores iniciantes e pré-leitores), fazendo com que exista igualdade no processo de apreensão e compreensão da narrativa que, à partida, poderia ficar compro-metido tanto nos leitores iniciantes como nos que ainda não decifram o código verbal.
Esta possui, também, um papel crucial na preferência, indiferença ou antipatia face à leitura do livro que ilustra. Tem um papel determinante na selecção de um livro infantil". (pp. 21-22)
No entanto, é errado pensar que a interpretação de imagens é um processo inato. Ainda que as crianças passem a ser facilmente leitores de narrativas pictóricas e, assim, conseguindo dar sentido a um conjunto de imagens, o entendimento pictórico e a compreensão da narrativa visual exige que se vá aprendendo o código, e esta aprendizagem será construída socialmente, ainda que não exista um ensino onde se aprenda a ler imagens. A criança interpreta e reconhece as imagens devido às experiências que vai acumulando do mundo, habituando-se a lidar com a diferença, por vezes, abissal que separa a realidade e a representação desta. Neste sentido, poderemos afirmar que a ilustração assume uma maior importância do que o texto, ao falarmos de crianças pequenas (leitores iniciantes e pré-leitores), fazendo com que exista igualdade no processo de apreensão e compreensão da narrativa que, à partida, poderia ficar compro-metido tanto nos leitores iniciantes como nos que ainda não decifram o código verbal.
Esta possui, também, um papel crucial na preferência, indiferença ou antipatia face à leitura do livro que ilustra. Tem um papel determinante na selecção de um livro infantil". (pp. 21-22)
Fonte: Um Livro Vivo {transposição para a web do livro para crianças Histórias de pretos e de brancos}, dissertação de Mestrado em Design de Ana Miriam Duarte Reis da Silva, apresentada à Universidade de Aveiro em 2010. Link
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